Tecendo o debate sobre a identidade ancestral e o legado negro
Por Samira Santos
A Galeria da Passagem é também um espaço de encontro e aprendizado com a realização de visitas educativas especiais à exposição “Obìnrin de Memórias”, da artista Thais Ayomide. Em cartaz até 17 de abril de 2025, as visitas, conduzidas pelos bolsistas, convidam o público a uma imersão sensível entre fotografia, dança e poesia que resgata a ancestralidade negra, tema central da obra de Ayomide.
Com uma proposta que valoriza a escuta atenta e o diálogo aberto, as visitas educativas buscam ir além da contemplação da arte. O objetivo é criar conexões significativas entre as diversas perspectivas dos participantes, suas histórias de vida e os múltiplos olhares que podem ser lançados sobre as obras expostas. Através dessa interação, a exposição “Obìnrin de Memórias” se expande, relacionando suas questões com os mais variados temas e áreas do saber.
As sessões gratuitas acontecerão de terças a quintas, em dois horários: das 10h às 11h30 e das 14h às 15h30. É importante ressaltar que as visitas estão sujeitas à lotação, com um limite de 15 pessoas por sessão, sendo o acesso garantido por ordem de chegada. A iniciativa é aberta a todas as idades, reforçando sempre o diálogo entre gerações diferentes. Um olhar especial é dedicado à acessibilidade. Pessoas cegas ou com baixa visão terão um atendimento específico, disponível de terça a sexta, das 11h às 17h, garantindo que a experiência artística seja acolhedora para todos.
A ação educativa
O orientador Rafa Éis, compartilha seu entusiasmo com a iniciativa. “Essa ideia já é um desejo antigo de realizar aqui na Galeria da Passagem. Já tivemos experimentos anteriores, mas nunca conseguimos sistematizar o trabalho. Minha formação é muito ligada à ação educativa em museus e exposições, e acredito que essa é uma forma potente de ativar as obras, produzir pensamento e trazer reflexões profundas”.
As expectativas para as visitas programadas, especialmente para escolas são altas. “Conversar com crianças e adolescentes é sempre um aprendizado intenso. Eles nos ensinam muito sobre as exposições”, afirma o orientador, ressaltando a importância de um trabalho estruturado com as escolas no entorno do Maracanã, facilitando o acesso a pé. “Estou otimista para esse trabalho, vamos começar num passo que conseguimos dar, provavelmente com um projeto piloto com um número pequeno de escolas. Há muitas possibilidades, desde receber as escolas aqui até visitar as próprias instituições e desenvolver atividades práticas relacionadas à exposição.” Rafa também manifesta o desejo de integrar os calouros da universidade nas próximas edições, aproveitando o potencial de engajamento desse público.
“Obìnrin de Memórias”: um diálogo ancestral
A exposição “Obìnrin de Memórias” marca um momento significativo na trajetória da artista Thais Ayomide. Celebrando seu aniversário na abertura da mostra (17/3), Ayomide expressou a profunda conexão de seu trabalho com a luta e a reafirmação da identidade negra, tendo Lélia Gonzalez como uma de suas grandes referências. “Esse evento me faz ter fé nas universidades públicas”, declarou a artista.
As visitas educativas à exposição “Obìnrin de Memórias” representam uma oportunidade imperdível de vivenciar a arte de forma engajada e reflexiva, aproximando diferentes públicos da força e da beleza da memória ancestral negra, guiados por olhares atentos e dispostos ao diálogo. A COART convida a todos a participarem dessa experiência enriquecedora.