Por Samira Santos
A COART prepara-se para vibrar com a primeira edição da Mostra Uerj de Bandas (MUBA), um evento que promete revelar a rica e eclética arte que pulsa entre os muros da Uerj. Idealizada pela COART, a mostra surge como um espaço de celebração da criatividade e do talento de estudantes, servidores e prestadores de serviço da instituição. Com apresentações marcadas para os dias 9 a 13 de junho de 2025, no Teatro Odylo Costa Filho, a MUBA convida a comunidade acadêmica a prestigiar seus próprios artistas em performances que abrangem vários gêneros e estilos.

A iniciativa, que parte de um olhar atento para a cultura interna da universidade, conforme explica a coordenadora da COART, Ilana Linhales, propõe dar visibilidade a essas “potências musicais” muitas vezes desconhecidas. Em entrevista, Ilana compartilhou a motivação por trás do projeto, revelando um encontro casual que acendeu a faísca para a criação da mostra.
“É um espaço de mostra mesmo, dessas tendências, desses talentos, dessas potências musicais”, enfatiza Ilana Linhales. “A gente fez um levantamento, tem muito estudante com banda, com grupo musical, tem servidor com banda, tem prestador de serviço, que é músico profissional.”
A coordenadora relata um episódio marcante que ilustra a riqueza musical oculta na Uerj: “Um dos primeiros encontros que eu tive quando eu cheguei aqui no início do ano passado foi com um segurança na guarita, eu estava esperando um Uber e ele estava conversando com alguém ao telefone: ‘Não, eu não posso fazer essa gravação hoje, me coloca para fazer essa gravação amanhã.’ E aí eu fui conversar e ele me disse que tinha um grupo de rap.”
Essa descoberta, segundo Linhales, apenas confirmou o vasto “universo” musical presente na comunidade da Uerj. “Muba é uma mostra de um universo da comunidade do Rio de Janeiro e que, mais uma vez, como eu falei sobre as chamadas abertas, a universidade tem a obrigação de fazer.”
A MUBA, portanto, materializa esse compromisso da COART em oferecer um palco para essa diversidade de expressões artísticas. A expectativa é de um evento marcado pela confraternização e alegria, proporcionando um ambiente de apoio e troca entre os músicos da universidade. “Eu estou com a expectativa de que as pessoas vão ficar muito felizes de ter um apoio de troca dentro da sua universidade e eu estou apostando tudo”, contou Ilana, já vislumbrando futuras edições do evento. “A gente está chamando de primeira porque eu espero que a cada ano a gente faça, segunda, terceira e aí quantas mais…”
Palco no Odylo Costa Filho
A MUBA concretizará sua primeira edição através de uma chamada aberta, sem qualquer tipo de seleção prévia. O objetivo, conforme detalha o regulamento que será divulgado pela COART em 09 de maio, é acolher o máximo de manifestações musicais da comunidade Uerjiana. Serão selecionadas até dez bandas, priorizando a ordem de inscrição. Caso o número de inscritos ultrapasse essa marca, um sorteio definirá as bandas participantes. Essa abordagem reflete o desejo da organização de simplesmente abrir as portas da universidade para que as pessoas apresentem suas formas de expressão. As apresentações terão como palco o Teatro Odylo Costa Filho, fruto de uma parceria entre a COART e a Divisão de Teatro da Uerj.
Sonhando com a Concha Acústica: um projeto para o futuro
Questionada sobre a possibilidade de expandir o evento para outros espaços da Uerj, como a Concha Acústica, Ilana Linhales demonstra entusiasmo pela ideia, mas pondera sobre as limitações atuais. “Esse é um projeto típico de Concha Acústica, me lembra muitos festivais da canção, que começaram na década de 60 e foram até o último que foi em 85, na verdade a gente queria mesmo, em algum momento fazer esse festival da canção, pra enaltecer os trabalhos autorais.”
No entanto, a coordenadora ressalta que a Concha Acústica atualmente não possui a infraestrutura necessária para um evento dessa magnitude, e os custos para equipá-la seriam elevados. “A Concha hoje não está equipada o suficiente pra gente poder fazer isso e seria muito caro. A COART planeja fazer as coisas dentro do que a gente tem de possibilidade, para as coisas que estão fora disso não virarem um impedimento para a gente não realizar alguma coisa, a gente pensa dentro da nossa realidade para que a coisa possa acontecer.”
Apesar dos desafios imediatos, a visão de utilizar a Concha Acústica para futuras edições da MUBA permanece viva. “Nos anos futuros, com certeza, vamos criar uma história de encontro de bandas e vamos batalhar para a Concha Acústica ser equipada como deve para receber esse tipo de evento”, afirma Linhales, destacando o significado simbólico do espaço. “A Concha Acústica é um grande encontro de pessoas, é um espaço pensado para isso, o palco está aberto, a Concha está aberta pra rua, então é um espaço de apresentação que em sua arquitetura carrega um monte de significado sobre a própria universidade e que a gente tem que dar uma batalhada aí para conseguir.”

O futuro da Muba na Concha Acústica ( Foto: Ilustração Freepik)
A realização da MUBA no Teatro Odylo Costa Filho é vista, portanto, como um primeiro passo crucial, ao mesmo tempo, iniciar um movimento em prol da revitalização da Concha Acústica como um palco para grandes eventos culturais. “Então se a gente começa o movimento de bandas, a gente também começa um movimento de exercer uma certa pressão de que é necessário ter uma concha equipada para poder realizar essas coisas na universidade.”
Arte como elo e potencializador
Ao abordar a dualidade de identidades presentes na comunidade universitária – o estudante que também é músico, o servidor que lidera uma banda –, Ilana Linhales enfatiza o papel fundamental da arte como uma linguagem universal e um caminho para o desenvolvimento pessoal. “Eu acho que a arte, qualquer linguagem artística, ela é de todo mundo, a expressão artística independente da profissão que você escolha seguir na vida é um caminho de descoberta de potencialidade, então a arte ela tem por si só essa natureza, que potencializa o sujeito, que sensibiliza, que traz um ponto de vista crítico, que traz um ponto de vista de investigação, a arte por si só para ela ser realizada, ela precisa disso.”

O potencial da arte na Uerj (Foto: Ilustração Freepik)
Linhales destaca que o envolvimento com a música, por exemplo, exige estudo, pesquisa e análise, qualidades que transcendem o campo artístico e enriquecem a experiência humana em qualquer área. “Você vai tocar uma música, você precisa estudar aquela música, você precisa saber de onde aquela música veio, você precisa ter um critério de análise daquela obra, isso tudo é inerente à condição humana e isso tudo volta para o sujeito em qualquer campo, seja um estudante de biologia que toca um violão, seja um servidor de qualquer setor aqui da Uerj que tem o seu grupo de samba.”
Nesse sentido, a MUBA se alinha com a missão da COART de tornar o movimento artístico acessível a todos, independentemente de sua trajetória profissional ou acadêmica. “Então assim, a interface da arte na vida dos sujeitos é um privilégio e não devia ser para poucos, devia ser para todo mundo. A COART tem esse espaço, de deixar o movimento artístico acessível para todo mundo, não dependendo se vai ser ou não um grande artista, não se trata disso, o nosso espaço aqui é para oferecer um lugar pras pessoas se expressarem..”
Com a primeira edição da Mostra Uerj de Bandas se aproximando, a expectativa é que o evento não apenas revele talentos musicais, mas também fortaleça os laços entre os membros da comunidade universitária, celebrando a diversidade e a riqueza cultural que reside em cada um. A Uerj se prepara para ser palco de uma grande festa, onde a música será a protagonista e a união a melodia principal.