Gilberto Gil celebra título com coral infantil

Título de Doutor Honoris Causa para Gilberto Gil

No dia 18 de junho de 2024, aconteceu a cerimônia para o título de Doutor Honoris Causa para o cantor Gilberto Gil. Realizada no Teatro Odylo Costa, filho, no campus Maracanã, a cerimonia também contou com a apresentação do coral da Coordenação de articulação e difusão musical da UERJ, a CADMUS, que é comandanda pelo Maestro Mauro Assef.

O que é Honoris Causa?

É o título mais importante concedido pela Universidade, aprovado em sessão do Conselho Universitário. Pode ser atribuído a personalidade eminente, nacional ou estrangeira, que tenha se destacado singularmente por sua contribuição à cultura, à educação ou à Humanidade.

Em uma cerimônia marcada pela alegria, a comunidade acadêmica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) assistiu, nesta terça-feira (18), à entrega do título de Doutor Honoris Causa ao cantor, compositor, multi-instrumentista, escritor e político baiano Gilberto Gil. Realizada no Teatro Odylo Costa, filho, no campus Maracanã, a solenidade contou com a presença de familiares do homenageado, artistas, parlamentares e representantes de sociedades científicas e movimentos sociais.

‌A proposta de outorga do título foi apresentada pelo Centro de Educação e Humanidades (CEH) e aprovada pelo Conselho Universitário (Consun) em fevereiro deste ano. A honraria máxima da Uerj é atribuída a personalidades, nacionais ou estrangeiras, que tenham se destacado singularmente por sua contribuição à cultura, à educação ou à humanidade.

Um dos fundadores da Tropicália, movimento que revolucionou a música brasileira no final dos anos 1960, em plena ditadura militar, Gil conquistou vários prêmios ao longo da carreira, incluindo nove Grammy. Figura relevante do movimento negro, também foi embaixador da ONU para agricultura e alimentação, ministro da Cultura de 2003 a 2008 e eleito imortal da Academia Brasileira de Letras em 2021.

Subo nesse palco…

Ovacionado pela plateia, Gil ressaltou em seu discurso que o título evidencia o quanto a Uerj é uma instituição que identifica e valoriza o que é produzido fora do meio acadêmico. “Grato é como melhor posso me sentir nesse momento. Por compreender essa honraria como um sinal de que esta Universidade busca olhar para além de si mesma, ao seu redor, para além das árduas e meritórias tarefas do dia a dia em décadas de dedicação à transmissão do conhecimento, em todas as suas fontes e frentes”, disse.

“A Uerj quer voltar o seu olhar para o lado de fora e reconhecer ali, no seu ambiente, os brotos, as plantas, os frutos de uma vida cultural fincada no solo fértil de uma informalidade que transcende o mundo curricular. Garimpar nas minas da arte popular e dos saberes originários e conferir a alguns de seus representantes a dimensão douta demonstra o alargamento e aprofundamento institucional, digno da ambição e da grandeza do nosso processo civilizatório”, acrescentou.

Gil agradeceu pela homenagem recebida e destacou que muitos artistas e militantes da cidadania no país também merecem o mesmo reconhecimento. “Saúdo a Uerj pelo apreço à cultura brasileira. Muito bom ter vivido muito tempo, ter feito muita coisa e ter somado algum valor ao nosso tesouro de ideias e símbolos”, concluiu

Aquele abraço

A reitora Gulnar Azevedo e Silva lembrou que Gilberto Gil é o terceiro músico a receber o Honoris Causa da Uerj. Anteriormente, o título foi concedido a Tom Jobim (1990) e Nei Lopes (2022). “Suas músicas embalaram os sonhos da minha adolescência e juventude. Trouxeram esperança para minha geração, que viveu tempos muito duros, quando Gil mostrou ao Brasil que o Rio é lindo e abraçou todo mundo com uma mensagem de esperança. Ele não parou e continuou nos encantando”, comentou. “Como pesquisador e defensor da cultura popular brasileira, sua atuação tem sido louvável, junto com sua família e todas as parcerias com outros artistas, tecendo uma rede enorme de solidariedade e exemplo para todos nós”.

Gulnar também frisou que a atual gestão, iniciada em janeiro, considera que a arte e a cultura são eixos fundamentais de uma universidade pública, gratuita e inclusiva como a Uerj. “Estamos elaborando um conjunto de políticas que visam à expansão da diversidade das práticas artísticas para os demais campi. O fortalecimento da Uerj e seu papel junto à sociedade fluminense passa necessariamente pela integração de nossas ações, sendo a arte e a cultura essenciais nesse processo”, finalizou.

Convidada a fazer a saudação a Gilberto Gil, a atriz e embaixadora nacional da ONU Mulheres Camila Pitanga destacou que o artista e a Universidade têm em comum a luta contra as desigualdades sociais. “Gilberto Gil passa a fazer parte da história da Uerj, que é orgulho dos brasileiros por ser pioneira no oferecimento do ensino noturno, permitindo a formação de tantos brasileiros de baixa renda. Também pioneira no sistema de cotas sociais e raciais, que revolucionou o nosso país. A trajetória de excelência da Uerj e a importância dela para transformação social se espelham nos valores que Gil sempre demonstrou em sua arte: a luta contra as desigualdades mais agudas, contra os preconceitos, o racismo e a homofobia entre eles”, disse Camila.

Já a secretária executiva do Ministério da Igualdade Racial, Roberta Eugênio, exaltou Gil como “doutor das coisas belas”. “Diria que hoje é um dia que vencemos como sociedade. Porque reconhecemos, através da Uerj, toda a contribuição de Gilberto Gil para a história, a arte, a música e uma sociedade cheia de cores vivas”, frisou.

Andar com fé

Além das declarações das autoridades, atrações culturais abrilhantaram a cerimônia. A Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem, com um sexteto de cordas, interpretou a canção “Aquele abraço”. Já os corais Altivoz da Uerj, o coral infantil do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-Uerj), o grupo do Núcleo do Envelhecimento Humano (Nuceh) e o coral convidado Atrás da Nota, da Prefeitura do Rio, performaram as músicas “Giló”, de Rita Lee, e “Domingo no parque”, “Palco” e “Patuscada de Gandhi”, de Gilberto Gil.

No encerramento, o bloco de carnaval “Mistério há de pintar”, formado por físicos, apresentou a clássica e festiva “Andar com fé”. O homenageado então acompanhou os ritmistas, cantando e levantando a plateia.

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