Câmera, urbano e raiz: COART lança luz sobre o protagonismo indígena e a crítica urbana com exibição de ‘Mormaço’

Por Samira Santos

A COART, Centro Cultural da Uerj conhecido por seu papel de difusão e experimentação artística, preparou uma semana intensa, com eventos que transitaram entre a fotografia histórica, o cinema de crítica social e as tradições da cultura árabe. De 22 a 26 de setembro, o público foi convidado a mergulhar em processos criativos e debates para a compreensão do Brasil atual.

A Magia da cianotipia

A semana começou com uma viagem no tempo e na técnica. Na segunda dia 22 de setembro, e estendendo-se por mais duas segundas, o projeto COART Co(m)Vida ofereceu à comunidade a Oficina de Cianotipia. Esta foi uma oportunidade para experimentar, na prática, uma das primeiras técnicas fotográficas do século XIX, conhecida pelo seu tom azul monocromático vibrante.

Oficina de cianotipia e suas produções (Foto: Joana Bastos)

A oficina propõe uma imersão prática e histórica na fotografia analógica, afastando os participantes do imediatismo digital. Os inscritos aprenderam o processo completo: desde a preparação artesanal dos papéis e emulsões químicas até a revelação final das imagens com a simples luz solar. A atividade também incentivou   a exploração criativa, trabalhando tanto com negativos digitais quanto com a delicadeza das impressões botânicas. É um convite à redescoberta da fotografia como processo químico e criativo, fortalecendo a conexão com arte de fazer fotografia.

Final da aula com a turma reunida (Foto: Joana Bastos)

A crítica de “Mormaço” no Cine Cartola

A reflexão sobre o cenário urbano e político do Rio de Janeiro é o tema central na quarta, 24 de setembro, com a sessão do Cine Cartola apresentando o filme “Mormaço” (2019). O longa foi exibido no Auditório Cartola e após o filme houve uma discussão necessária sobre o impacto da especulação imobiliária e dos megaeventos na vida dos cidadãos com a diretora do filme.

Com direção de Marina Meliande, “Mormaço” se passa no verão de 2016, o mais quente da história, enquanto o Rio se preparava para os Jogos Olímpicos. O enredo acompanha Ana, uma defensora pública que trabalha na defesa de uma comunidade ameaçada de remoção pelas obras do Parque Olímpico. O filme utiliza a atmosfera opressiva do mormaço para representar o sufocamento social e político, à medida que a protagonista desenvolve misteriosas manchas roxas em seu corpo. Após a sessão, o público teve a chance de aprofundar o debate com a própria diretora Marina Meliande e a atriz Sandra Maria Teixeira, em uma conversa mediada por Caio Neves, orientador da área de cinema, e Quesia Pacheco.

Protagonismo indígena no audiovisual

O Quintal Cultural, no dia 25 de setembro,  foi palco da Mostra de Curtas da Formação Tendy Koatiara Nhembo’esaba. O evento celebrou o protagonismo indígena e de outros grupos historicamente sub representados, afirmando o cinema como um território de criação coletiva.

A Formação Tendy Koatiara Nhembo’esaba (realizada pela Verama Produções com apoio da RioFilme e da SECEC-RJ em suas edições) ofereceu estrutura e acompanhamento para que estudantes pudessem criar seus próprios filmes a partir de uma perspectiva colaborativa, em sintonia com a metodologia circular indígena. Os curtas exibidos são fruto direto desse processo, trazendo à tela narrativas originais, plurais e enraizadas em diferentes tradições. A mostra, gratuita e aberta ao público, convida os espectadores a se aproximarem das experiências de jovens realizadores que ressignificam o cinema brasileiro.

Uma viagem ao oriente

Encerrando a programação da semana, a COART convidou o público para uma jornada mágica com A Milésima Primeira Noite Árabe, um esquenta cultural que promete transportar a todos para os encantos do Oriente. O evento aconteceu no dia 26 de setembro, às 18h, no Salão 2.

Apresentação de dança árabe (Foto: Equipe COART)

Sob a direção da artista Thereza de Oliveira e com a participação de convidadas especiais, a programação celebrou os ritmos e a cultura árabe. A performance é inspirada nas clássicas histórias das “Mil e Uma Noites”, buscando libertar os gênios da lâmpada em coreografias deslumbrantes. Mais do que uma apresentação de dança, o evento se propôs a ser uma experiência imersiva, despertando os sentidos e envolvendo os participantes em uma narrativa cheia de magia e mistério.

Grupo da perfome do A Milésima Primeira Noite Árabe (Foto: Equipe COART)

A programação completa reforça o papel da COART como um espaço vivo que não apenas difunde a arte, mas também promove a experimentação, o diálogo e a celebração da diversidade de vozes na arte.

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