Arte e Memória – A Restauração da obra Diário Constitucional na Coart

Por Samira Santos

A Coart teve uma das suas obras mais emblemáticas, o “Diário Constitucional”, do artista visual Alex Frechette, recentemente renovada. A peça, composta por um conjunto de azulejos, foi doada pelo artista em 2018, na ocasião sua exposição individual “O Rio dos Dias: Alex Frechette”, realizada na Galeria da Passagem com curadoria de Deborah Singer, Rafa Éis e Rayssa Ruiz.

Alex Frechette ao lado de sua obra restaurada (Foto: Margareth Pederneiras)

Alex Frechette, doutor em artes pela Uerj e residente de Niterói, é reconhecido por sua produção artística que engloba desenhos, pinturas, objetos e vídeos. Seu trabalho explora temas do cotidiano brasileiro, com reflexões sobre história, memória, ativismos e resistências poéticas.

A obra “Diário Constitucional”, foi criada originalmente em 2014 e nasceu em um contexto de intensos debates sociais, durante a Copa do Mundo no Brasil. Ela foi inspirada pelas violações de direitos constitucionais decorrentes de remoções e mudanças urbanas relacionadas ao evento. Frechette transcreveu artigos da Constituição Brasileira em azulejos, instalando-os em diversos locais públicos do Rio de Janeiro, como Santa Teresa, Praça Tiradentes, Madureira e Complexo do Alemão.

Alex restaurando sua obra (Foto: Margareth Pederneiras)

Um legado na Uerj

Em 2018, durante a exposição “O Rio dos Dias”, a obra foi doada e instalada permanentemente na Coart, consolidando-se como um marco visual e político no espaço universitário. “A universidade é um lugar ideal para essa obra, um espaço de reflexão e resistência”, destacou Frechette. Ele destacou também a luta que a arte enfrenta para sobreviver no espaço urbano sem ser esquecida “Mas com o tempo, o trabalho de rua sempre tem a questão das intempéries, a chuva, e às vezes também as pessoas colocam cartazes em cima, o sol também, aqui mesmo o trabalho desvaneceu, eu vim aqui para restaurar (…)”

A obra restaurada e com uma nova cara (Foto: Margareth Pederneiras)

Seis anos após sua instalação, a peça foi restaurada pelo próprio Alex Frechette, que revisitou seu trabalho com entusiasmo. “É um prazer enorme poder restaurar essa obra e refletir sobre sua trajetória. Hoje em dia, eu trabalho mais com pintura e música, mas o Diário Constitucional é um exemplo de como a arte pode dialogar com o espaço público e a memória coletiva”, afirmou o artista. A restauração da obra reflete o compromisso da Coart com a preservação do patrimônio artístico e com a promoção de discussões críticas por meio da arte.

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