Qual é a escrita que uma superfície plástica solicita?

Qual é a escrita que uma superfície plástica solicita?
25 Sep 17:00
Until 22 Oct, 20:00 27d 3h

Qual é a escrita que uma superfície plástica solicita?

Passage Gallery

A exposição “Qual é a escrita que uma superfície plástica solicita?” estreou na Galeria da Passagem, no Campus Maracanã da Uerj, no dia 25 de setembro de 2025.

Com curadoria de Marcelo Lins e Ana Carla Soler, a mostra traz trabalhos artísticos construídos a partir de leituras, debates e experimentações ocorridos no contexto do grupo de estudo organizado por Marcelo Lins, que é docente do Instituto de Artes da Uerj, e alunos de graduação. Os encontros e as trocas proporcionados pelo grupo materializaram-se em grafias, imagens, rasuras, texturas e vozes presentes na exposição.

A diversidade das obras proporciona diálogos e afastamentos que, conforme destacado pelos curadores, faz “pensar que escritas de diversas origens e intenções possam tanto se aproximar quanto se desabrigar nas formas e materialidades, sem reivindicações de hierarquias”.

“Qual é a escrita que uma superfície plástica solicita?”​​​​​​​ reúne o trabalho dos artistas Alexia Aquino, Alice Garambone, Camilla Muniz, Claudia Tavares, Fabiola Martins, Kelly Carvalho, Lucas Souza, Mariana Teixeira, Pedro Carelli, Pedro Metri, Rosiara Cavalcanti.

Visite a exposição até o dia 22 de outubro na Galeria da Passagem, na Coordenadoria de Artes e Oficinas de Criação (Coart), dentro do Centro Cultural da Uerj.

Texto Curatorial

Qual é a escrita que uma superfície plástica solicita?

O que se ambiciona na exposição, “Qual é a escrita que uma superfície plástica solicita?”, compreende a sustentação de uma maneira ensaística. Um desdobramento impertinente em favor da aparição de obras, no que elas aspiram à solicitação de palavras que as acompanhem, ou melhor, que nelas se abandonem. A saber, um testemunho que repõe a tarefa artística, e que assim sendo reconstitui o seu sentido por descuido de nossos amparos teóricos, distante da vertigem de poder que é a assinatura sobre algo.

São palavras, portanto, que endereçam a obra num dizer, numa voz, conforme à intimidade de um ofício, por aquela estreiteza que é a solidão debruçada sobre a indeterminação sensível do fazer/saber da arte. Não se trata aqui de uma toada altiva, mas de reconhecer que uma obra de arte solicita que as palavras pratiquem o abismo e ensaiem o que ainda não foi formado, uma vez que uma superfície plástica parece exigir uma elaboração incansável e inalcançável na superfície da escrita. Pela qual então se aperfeiçoa o desconhecimento de um trabalho de arte, tal qual um murmúrio na véspera de sua consumação curatorial. Tal falta, se é que cabe presumí-la, talvez nos resguarde da barbárie perfeitamente compatível com uma cultura de autópsias, que age sobre uma obra como um haver do saber sobre arte.

Todos nós ainda legislamos sobre isso. Reformulemos então por um instante a posição de quem enuncia algo diante de um processo artístico. Alguma coisa aqui teima pelo seu jeito de inscrição. Como se pudéssemos, perante as obras em destaque, voltar os ouvidos para um um ressoar a mais que apreende o valor do trabalho de arte e instala o enigma. O que então se promulga, entre palavra e imagem, produção e crítica, é o não idêntico, que nos oferece o caminho de uma apreensão na orla dos sentidos.

Essa mostra se constitui como um entrelaçamento contínuo do grupo de estudos organizado e conduzido por Marcelo Lins ao longo dos anos de 2023 e 2024 e discentes dos cursos de graduação e licenciatura do Instituto de Artes da UERJ. Encontros e trocas nutridas de leituras, debates e experimentações constituíram assim um corpo de trabalhos artísticos, permeado por grafias, rasuras e vozes, que tocam e propulsionam as demais linguagens, e as engrandecem sem buscar protagonismo. Isso faculta pensar que escritas de diversas origens e intenções possam tanto se aproximar quanto se desabrigar nas formas e materialidades, sem reivindicações de hierarquias. Ora complementam as obras como segunda natureza, ora lhes integram numa processualidade imanente.

Marcelo Lins e Ana Carla Soler

INFORMAÇÕES

“Qual é a escrita que uma superfície plástica solicita?”

Curadoria por Marcelo Lins e Ana Carla Soler

Passage Gallery

Lançamento em 25 de setembro de 2025, às 17h

Visitação: 25/09 até 22/10/2025

Campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)

Endereço: Rua São Francisco Xavier, 524, Bairro Maracanã, Rio de Janeiro, RJ

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